24/02/2010

My brother.

Ontem peguei meu irmão mais velho chorando, fiquei assustado, pelo fato de ter visto poucas vezes ele chorando, as lagrimas dele viraram nostalgia para mim, me lembrei da época de moleque, quando eu e ele apanhávamos de cinta do meu pai quando aprontávamos, ele quase nunca chorava.

Eu era um boca aberta, antes mesmo da cintada eu já estava chorando, falando que tava doendo, para! pelo amor de Deus... Ele sempre foi frio, às vezes disfarçava e dava risada, e depois da surra ele virava para mim e dizia, “só as menininhas que choram” e sai dando risada e pensando na próxima aventura com direto a cintada. E eu ficava no quarto pensando no que tinha me dito. E chorando.

Amo muito meu irmão, mas não o tenho como ídolo igual os outros irmãos mais novos, sempre quis ser o contrario dele. Ele sempre foi uma pessoa centrada, sério, trabalhador. Tenho poucas lembranças dele pedindo dinheiro para meu pai, ele fazia o que fosse preciso para não chegar a esse ponto. O ruim disso para mim era que meu pai o dava como exemplo e falava que eu deveria fazer o mesmo. Eu não!

Meu pai sempre me dizia que era para eu curti cada segundo da minha infância, pois ela ia se passaria rápido e jamais voltaria e eu sentiria falta dela, e como era possível ter uma infância e responsabilidade ao mesmo tempo? Bom eu não sei, tanto que eu vivia pedindo uns trocadinhos para ele.

Meu irmão, ele dava a cara para bater, entregava panfletos, carpia quintal, tirava entulho, quem o via acha que a nossa família estava passando fome, eu achava ridículo o que ele fazia, meus pais tinham orgulho. Eu tinha raiva, queria que ele fosse meu irmão de verdade, queria que ele me ensinasse fazer pipa, rodar pião, jogar bolinha de gude, que nada ele queria mesmo era ganhar dinheiro. E sempre sério, sem tempo para brincar.

Mesmo no auge dos meus 9 anos eu me perguntava: porque um moleque de 12 anos chamaria a responsabilidade tão cedo? E sem necessidade.

Eu nunca obtive essa resposta, mas tinha certeza que a infância lhe faria falta lá na frente, para mim a infância é tudo, e a melhor época da vida de uma pessoa, é lá que ela aprende a perde, ganhar, dividir, jogar dentro das regras, dar uns beijinhos, dar risada de coisas banais e ele não sabiam o que era isso. Coitado.

Dito e feito, com o passar do tempo aquele cara sério virou uma criança, uma criança preso dentro de um corpo de homem, ele tinha suas responsabilidades de homem, mas o empurra com a barriga, não quer nada com nada, não curte receber ordem, se acha superior ao demais, não aceita conselhos e sempre que pode tira onda com a cara dos outros.  Não o culpo, mas não o entendo.

Sei que ninguém bate mais forte que a vida, e vai ser ela que vai o colocar no trilho, mas independente do que for eu o amo. E sempre vou o amar.



1 comentários:

Juliana disse...

demais! simplesmente demais! irmaos sao tudo na nossa vida, eles que nos apoiarao pra sempre!

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