04/04/2011

Era minha vizinha

A casa dela era de frente com a minha, a janela do quarto era grande, dava para ver a metade do quarto. Sentia-me privilegiado.
Ela dormia em uma cama de casal que sempre estava estendida com edredom cor – de – rosa, as havaianas dela também eram cor – de – rosa, ficava sempre ao lado da cama perto da cabeceira que tinha sempre livros ou revistas. Só não entendia o fato de a cama ser de casal. Devia gostar de conforto.
Além da metade da cama e a cabeceira, era possível observar um mural com muitas fotos e um pedaço do espelho, onde provavelmente ela se arrumava diante, na frente tinha uma mesinha com perfumes, cremes, maquiagem, tudo que um mulher acha que precisa. Ela passava horas naquele canto.
Era difícil, mas tinha dia que ela deixava a toalha molhada em cima da cama. Teve um dia que cheguei a ver uma calcinha. Era vermelha com renda preta, tipo, fio dental, transparente na parte da frente, bem ousado.
Ela sempre esquecia o celular ou a chave, e sempre que voltava para buscar um dos dois, ela se olhava no espelho, mas não por vaidade, olhava com se estivesse se perguntando algo.
Às vezes ela ficava horas olhando para o mural de fotos, como se estive no passado, revivendo aqueles momentos que estavam congelados em um pedaço de papel, ao final ela sempre chorava. E eu apenas observava sem poder fazer nada. Eu não gostava de vê-la chorando.
Tinha noites que eu passava horas observando ela dormindo, ela sempre deitava de lado, tipo conchinha, com as duas mãos apoiando seu lindo rosto. Gostava de como ela prendia o cabelo para dormir, ficava exposto seu pescoço branco e largo. Ela dormia sorrindo, parecia um anjo repousando.
Todo sábado de manhã ela alongava, ligava o rádio e andava pelo quarto em quanto escovava os dentes. Às vezes ela dançava, nada vulgar, apenas dançava.
Nunca se quer troquei uma palavra com ela, sempre a vejo passando pela rua, geralmente perto da casa dela, entrando ou saindo.
Uma vez a encontrei no supermercado, eu estava perto dos congelados, distraído, pensando em qual marca de frango empanado era melhor, e quando olhei para o lado, lá estava ela, vindo em minha direção, por 15 segundos fiquei totalmente paralisado, foram os 15 segundos mais lento que tive em toda minha vida.
Ela estava falando no celular e empurrando um carrinho de compras meio vazio e com um sorriso apaixonante estampado no rosto, foi impossível não se entregar diante de tanta beleza.
Quando ela passou por mim, tive o prazer de sentir seu perfume, era um aroma de mulher, que combinava com tudo que ela era.
Sua voz era doce e meiga, era exatamente como eu imaginava, era um tom de tranqüilidade que transmitia toda a sua feminidade.
Até pensei em dizer algo, talvez um bom dia, oi ou até mesmo acenar com a cabeça e dar um sorriso amarelo, mais a única coisa que consegui fazer, foi admirar a mulher que eu mais admirava.
Entre todas as coisas que sei sobre ela, a que me deixa mais distante, é o fato dela não saber da minha existência.


2 comentários:

Juliana Mestres de Toledo disse...

Continua com o mesmo talento. Poste mais! Não abandone seu blog, o meu está de volta também hahaha
beijos!

Surto! disse...

valeu ^^

demoro...vou dar uma passada lá ;)
bjs!

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