05/11/2009 0 comentários

Ressaca, doce ressaca


Ela me faz repensar, reformular, resistir, representar, repetir, reabrir, reaproximar, revelar, redescobrir, reaproveitar, reabastecer, reabilitar, readaptar e a melhor de todas, refletir, saca?
No entanto, a reflexão “pós-ressaca” é a mais comum e a que mais pesa entre todas, ela sempre te faz pensar nas atitudes já tomadas, pensar nas conseqüências, toda história tem que ter um vilão, e é aqui que o álcool entra, ele sempre te encoraja fazendo você mostrar o verdadeiro sentimento ou desejo, isso é o que dizem por aí, para mim o álcool é um tapa na cara fazendo a mascara cair mostrando sua verdadeira face, mas se analisarmos é só apenas mais uma “desculpa”.
Você sai da sua casa com aquele ar de “sou desimpedido” e imediatamente procura a “desculpa”, após ingerir ela com energético e algumas pedras de gelo, cai no braço do descompromisso passando o desinteresse ao compromisso, mas na verdade tudo o que você quer e ter alguém para pensar, mesmo sabendo que dar satisfação é mais difícil do que encarar a realidade.
Sempre cobrando o melhor querendo sempre estar em primeiro plano, sendo que nem você mesmo se considera tanto, e o que te fere mais é relembrar que o jogo já esteve em suas mãos e sua única preocupação naquele momento era o sentir o êxtase de estar por cima, ficou perdido entre sentimentos carnais e sentimentos reais, valorizar coisas supérfluas tem seu preço, tentou usar o sorriso como isca, mas você se esqueceu que tinha sentimento em campo é que o artilheiro desse time é o “autovalor”. Uma das melhores qualidades do “autovalor” é a sua paciência para analisar a situação, foi difícil para ele quando viu que a única saída era recuar o time, pois ele conhece sua retaguarda.
Você pode culpar as drogas modernas que fazem você viver a estética do olho cru, a estética que o tempo devora, a estética que vai para o chão. Como todo condenado tem direito a um desejo, desejo que você se conheça e descubra que seu conteúdo faz o que você é, minha doce ressaca.

25/08/2009 0 comentários

Os laranjas.

Hoje de manhã vindo para o meu serviço me deparei com uma cena que está virando uma cena mais que comum para mim, sempre vi, mas nunca parei para pensar. Você já reparou nos “lixeiros”?(ou Garis, como preferir) É... Esses mesmo, aqueles caras vestidos com aqueles macacões “laranjas”, geralmente meio marrom por causa dos nossos acúmulos, com aquele sorriso amarelo sem os “atacantes ou os laterais”, com a vassoura na mão, apesar de que esse texto refere-se aos garis “móveis”. Aqueles que quando passam na rua de casa, chamam toda atenção para eles, até parece que estamos em época de carnaval, primeiro você só ouve o barulho dos latões sendo detonados no chão, gritos, assovios e risadas e logo depois o barulho do motor, só depois do barulho do motor é que eu sei que são eles.
Admiro o jeito como eles encaram o dia - dia em cima do nosso lixo, sempre sorrindo, gritando, chamando atenção mesmo, parece que eles querem que todos vejam que são eles que mantêm o lixo longe de nós. Acredito fielmente que muitos teriam vergonha, vergonha do que? De trabalhar honestamente? Ou de “mexer” no lixo?
Na verdade o que eu admiro é como eles encaram o trabalho até porque nunca acompanhei o dia-dia de um gari, mas já vi vários gritando pela a rua, mexendo com a mulherada, zuando a rapaziada, eu já até presenciei um deles ganhando um sorriso, parece uma coisa vaga, mais e você? Você ganhou um sorriso de alguém hoje? Não vale amigos de trabalho, tem que ser desconhecidos, se ganhou parabéns, porque eu ainda estou procurando o meu.
Sei que todo mundo tem problemas, se não tem, cria, se não cria, procura, se não procura é porque já tem um, enfim... Todos nos (adoramos) temos problemas. Eu, hoje mesmo, era 6:30 da manhã e já estava super estressado por causa do meu celular que não parava de apitar o meu horário, (isso porque sou quem o programo) logo depois fui tomar leite, o leite estava azedo, fui ligar minha moto a bateria estava fraca, fui abrir o portão a chave quebrou, isso resultou em vários palavrões, xinguei até o semáfora que não tinha nada a ver com a historia, ele estava ali, parado, nos controlando. Não gosto do semáforo porque todo vez que eu paro em frente aquela luz vermelha sucinto, abre um espaço em meu pensamento e as tarefas dominam aquele espaço vazio, iguais formigas quando vê uma pedra de açúcar. Odeio isso.
Mas foi em uma dessas paradas sucinto que eu prestei atenção nessa “rapaziada feliz”, a primeira vez que eu olhei, eu pensei.
_Poxa, eu reclamando da minha rotina, do trabalho e “eles” em cima desse caminhão cheio de lixo.
No começo achei que era algum tipo de gás que o lixo exalava e fazia eles assim, todo “diferente”, e no mesmo instante dessas duas teorias medíocre e mesquinha eu presencie a cena que me fez repensar. Todos eles estavam sorrindo e trabalhando em sincronia um com outro, parecia tudo coreografado, recebendo e cumprimentando a viziança, até o dono da padaria falou bom dia para eles! (aquele português nem olha na minha cara) será que sou tão antipático assim? Ou aquela sala do escritório se tornou meu “mundinho paralelo”? As únicas pessoas que eu vejo durante o dia e a tarde é minha patroa e algumas pessoas engraçadas no youtube. Tem a galera da faculdade também, galera não, um amigo e uma amiga, sou tipo de cara que prefere qualidade a quantidade, pode estar aqui o começo do erro, se é que erro tem começo.

Não vou me vestir de “laranja”, muito menos azarar a mulherada, mas vou repensar sobre o meu sorriso.


04/08/2009 0 comentários

Creep

Hoje acordei com pensamento suicida, como aquela vontade de ser especial por um dia, fazer todos sentirem minha falta nem que seja por algumas horas, sai correndo sem avisar ninguém não ia adiantar, porque eles sabem que eu sempre volto, eu tinha que fazer algo especial, mais enquanto essa idéia não chegava até meus pensamentos vagos, embarquei na minha rotina diária. Levantar, tv, banheiro, escova, pasta, espelho, toalha, calça, camisa, tênis, copo, café, pão, tv e moto, tentei ser mais breve possível.

Sou do tipo de cara que adora dar conselhos, tentar entender o que se passa na cabeça dos outros, mais como que eu posso fazer isso se eu não me entendo? Às vezes acho que me escondo atrás de uma força que finjo ter, e saber disso é uma coisa boa que me faz mal. Mesmo sabendo dessa verdade, o único cara que consegue me entende sou eu mesmo, quando sento no banco daquela moto é uma sensação de estar frente a frente comigo mesmo, é como se aquele banco virasse um divã e o retrovisor meu psicólogo, é uma sensação boa com uma pitada de "caralho... será que estou louco?", enfim....eis eu em cima do meu divã móvel, e pela primeira vez eu consegui andar e prestar atenção ao meu redor, nunca reparei nos detalhes das coisas simples, de olhar para o chão em alta velocidade, de como as pessoas passam rápido por nós, sempre me fixei em possíveis buracos que as vezes nem existia, mais sempre fiquei em alerta para quando eles aparecessem, sempre com a mão e o pé no freio, porque será que sempre esperamos pelo mal e não pelas coisas boas? Será que vale a pena sofrer antecipado?

No meio dos meus pensamentos e "reflexão” sem perceber ele surge, sim ele mesmo, o sortudo do dia, mais sortudo que eu pelo menos. Muitos disseram que não tinha o que fazer, foi muito rápido, rápido para eles, para mim foi mais uma oportunidade de tentar ser independente, escolher, rever, decidir, acho que foi a decisão mais difícil que tomei em toda minha vida. Coloquei na balança o que valia mais, Eu ou ele?

Ele deve estar perdido!

Eu também estou perdido!

Ele deve estar passando por um dia ruim!

Minha vida é ruim!

Ele deve ser importante para alguém!

E eu?

A verdade é que nem me baseei nessa balança, foi o olhar dele que me convenceu, ele me olhou como se estive me perguntando, "O que você vai fazer depois de passar por cima da minha cabeça? e eu fiquei sem resposta. acho que se eu fosse igual a todo mundo eu consegueria tomar uma decisão mais sensata, eu queria que tivesse aparecido um diabinho a minha esquerda e um anjinho a minha direita, mais quando eu olhei para meu ombro a única coisa que eu vi foi um verme, ele olhou para mim e disse..."O que você esta olhando? Sou apenas um verme, igual a você!" , depois dessa eu vi que estava sozinho, e tomei a decisão, pela primeira vez eu estava encarando alguma coisa de frente, sozinho, eu fiquei feliz comigo mesmo, mesmo sabendo que provavelmente eu não iria sair vivo daquela, mais eu estava feliz, vou confessar que eu tive medo, até pensei em fechar os olhos na hora, mais eu não podia perder aquele momento por hipótese alguma. E aquele "problemão" veio com tudo para cima de mim, ele nem se importo se estava pronto, ele me engoliu, doeu, mais achei que ia ser pior, e lá estava eu, no chão, literalmente, mais orgulhoso de mim mesmo, de certa forma eu estava livre, eu me sentia livre, mesmo conseguindo abrir apenas um olho, e ele tava quase fechando mais consegui vê algumas pessoas chorando por mim, pessoas que eu nunca vi na vida, me senti importante, todos diziam, " Porque ele fez isso?" e ninguém conseguiu explicar, eu queria ter um pouco de fôlego para me explicar, mais eu não tinha muito tempo, a única coisa que deu para fazer foi curti aquele momento "heróico".

Ele se aproximou de mim, ele olhou com um ar de agradecimento e foi em embora sem ao menos me dizer obrigado, tenho que perder essa mania de esperar pelo obrigado, afinal, agora eu sou um homem.

Às vezes fico pensando o que ele deve estar fazendo com o resto de vida que eu lhe dei, penso também o que eu poderia estar fazendo com aquele resto de vida que eu tinha em mãos, mais o que me deixa mais encabulado é lembrar que eu nem gosto de poodle.



 
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