04/08/2009

Creep

Hoje acordei com pensamento suicida, como aquela vontade de ser especial por um dia, fazer todos sentirem minha falta nem que seja por algumas horas, sai correndo sem avisar ninguém não ia adiantar, porque eles sabem que eu sempre volto, eu tinha que fazer algo especial, mais enquanto essa idéia não chegava até meus pensamentos vagos, embarquei na minha rotina diária. Levantar, tv, banheiro, escova, pasta, espelho, toalha, calça, camisa, tênis, copo, café, pão, tv e moto, tentei ser mais breve possível.

Sou do tipo de cara que adora dar conselhos, tentar entender o que se passa na cabeça dos outros, mais como que eu posso fazer isso se eu não me entendo? Às vezes acho que me escondo atrás de uma força que finjo ter, e saber disso é uma coisa boa que me faz mal. Mesmo sabendo dessa verdade, o único cara que consegue me entende sou eu mesmo, quando sento no banco daquela moto é uma sensação de estar frente a frente comigo mesmo, é como se aquele banco virasse um divã e o retrovisor meu psicólogo, é uma sensação boa com uma pitada de "caralho... será que estou louco?", enfim....eis eu em cima do meu divã móvel, e pela primeira vez eu consegui andar e prestar atenção ao meu redor, nunca reparei nos detalhes das coisas simples, de olhar para o chão em alta velocidade, de como as pessoas passam rápido por nós, sempre me fixei em possíveis buracos que as vezes nem existia, mais sempre fiquei em alerta para quando eles aparecessem, sempre com a mão e o pé no freio, porque será que sempre esperamos pelo mal e não pelas coisas boas? Será que vale a pena sofrer antecipado?

No meio dos meus pensamentos e "reflexão” sem perceber ele surge, sim ele mesmo, o sortudo do dia, mais sortudo que eu pelo menos. Muitos disseram que não tinha o que fazer, foi muito rápido, rápido para eles, para mim foi mais uma oportunidade de tentar ser independente, escolher, rever, decidir, acho que foi a decisão mais difícil que tomei em toda minha vida. Coloquei na balança o que valia mais, Eu ou ele?

Ele deve estar perdido!

Eu também estou perdido!

Ele deve estar passando por um dia ruim!

Minha vida é ruim!

Ele deve ser importante para alguém!

E eu?

A verdade é que nem me baseei nessa balança, foi o olhar dele que me convenceu, ele me olhou como se estive me perguntando, "O que você vai fazer depois de passar por cima da minha cabeça? e eu fiquei sem resposta. acho que se eu fosse igual a todo mundo eu consegueria tomar uma decisão mais sensata, eu queria que tivesse aparecido um diabinho a minha esquerda e um anjinho a minha direita, mais quando eu olhei para meu ombro a única coisa que eu vi foi um verme, ele olhou para mim e disse..."O que você esta olhando? Sou apenas um verme, igual a você!" , depois dessa eu vi que estava sozinho, e tomei a decisão, pela primeira vez eu estava encarando alguma coisa de frente, sozinho, eu fiquei feliz comigo mesmo, mesmo sabendo que provavelmente eu não iria sair vivo daquela, mais eu estava feliz, vou confessar que eu tive medo, até pensei em fechar os olhos na hora, mais eu não podia perder aquele momento por hipótese alguma. E aquele "problemão" veio com tudo para cima de mim, ele nem se importo se estava pronto, ele me engoliu, doeu, mais achei que ia ser pior, e lá estava eu, no chão, literalmente, mais orgulhoso de mim mesmo, de certa forma eu estava livre, eu me sentia livre, mesmo conseguindo abrir apenas um olho, e ele tava quase fechando mais consegui vê algumas pessoas chorando por mim, pessoas que eu nunca vi na vida, me senti importante, todos diziam, " Porque ele fez isso?" e ninguém conseguiu explicar, eu queria ter um pouco de fôlego para me explicar, mais eu não tinha muito tempo, a única coisa que deu para fazer foi curti aquele momento "heróico".

Ele se aproximou de mim, ele olhou com um ar de agradecimento e foi em embora sem ao menos me dizer obrigado, tenho que perder essa mania de esperar pelo obrigado, afinal, agora eu sou um homem.

Às vezes fico pensando o que ele deve estar fazendo com o resto de vida que eu lhe dei, penso também o que eu poderia estar fazendo com aquele resto de vida que eu tinha em mãos, mais o que me deixa mais encabulado é lembrar que eu nem gosto de poodle.



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