25/08/2009

Os laranjas.

Hoje de manhã vindo para o meu serviço me deparei com uma cena que está virando uma cena mais que comum para mim, sempre vi, mas nunca parei para pensar. Você já reparou nos “lixeiros”?(ou Garis, como preferir) É... Esses mesmo, aqueles caras vestidos com aqueles macacões “laranjas”, geralmente meio marrom por causa dos nossos acúmulos, com aquele sorriso amarelo sem os “atacantes ou os laterais”, com a vassoura na mão, apesar de que esse texto refere-se aos garis “móveis”. Aqueles que quando passam na rua de casa, chamam toda atenção para eles, até parece que estamos em época de carnaval, primeiro você só ouve o barulho dos latões sendo detonados no chão, gritos, assovios e risadas e logo depois o barulho do motor, só depois do barulho do motor é que eu sei que são eles.
Admiro o jeito como eles encaram o dia - dia em cima do nosso lixo, sempre sorrindo, gritando, chamando atenção mesmo, parece que eles querem que todos vejam que são eles que mantêm o lixo longe de nós. Acredito fielmente que muitos teriam vergonha, vergonha do que? De trabalhar honestamente? Ou de “mexer” no lixo?
Na verdade o que eu admiro é como eles encaram o trabalho até porque nunca acompanhei o dia-dia de um gari, mas já vi vários gritando pela a rua, mexendo com a mulherada, zuando a rapaziada, eu já até presenciei um deles ganhando um sorriso, parece uma coisa vaga, mais e você? Você ganhou um sorriso de alguém hoje? Não vale amigos de trabalho, tem que ser desconhecidos, se ganhou parabéns, porque eu ainda estou procurando o meu.
Sei que todo mundo tem problemas, se não tem, cria, se não cria, procura, se não procura é porque já tem um, enfim... Todos nos (adoramos) temos problemas. Eu, hoje mesmo, era 6:30 da manhã e já estava super estressado por causa do meu celular que não parava de apitar o meu horário, (isso porque sou quem o programo) logo depois fui tomar leite, o leite estava azedo, fui ligar minha moto a bateria estava fraca, fui abrir o portão a chave quebrou, isso resultou em vários palavrões, xinguei até o semáfora que não tinha nada a ver com a historia, ele estava ali, parado, nos controlando. Não gosto do semáforo porque todo vez que eu paro em frente aquela luz vermelha sucinto, abre um espaço em meu pensamento e as tarefas dominam aquele espaço vazio, iguais formigas quando vê uma pedra de açúcar. Odeio isso.
Mas foi em uma dessas paradas sucinto que eu prestei atenção nessa “rapaziada feliz”, a primeira vez que eu olhei, eu pensei.
_Poxa, eu reclamando da minha rotina, do trabalho e “eles” em cima desse caminhão cheio de lixo.
No começo achei que era algum tipo de gás que o lixo exalava e fazia eles assim, todo “diferente”, e no mesmo instante dessas duas teorias medíocre e mesquinha eu presencie a cena que me fez repensar. Todos eles estavam sorrindo e trabalhando em sincronia um com outro, parecia tudo coreografado, recebendo e cumprimentando a viziança, até o dono da padaria falou bom dia para eles! (aquele português nem olha na minha cara) será que sou tão antipático assim? Ou aquela sala do escritório se tornou meu “mundinho paralelo”? As únicas pessoas que eu vejo durante o dia e a tarde é minha patroa e algumas pessoas engraçadas no youtube. Tem a galera da faculdade também, galera não, um amigo e uma amiga, sou tipo de cara que prefere qualidade a quantidade, pode estar aqui o começo do erro, se é que erro tem começo.

Não vou me vestir de “laranja”, muito menos azarar a mulherada, mas vou repensar sobre o meu sorriso.


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